06-Histórico de Teleprocessamento de Dados

Visão Geral

O teleprocessamento de dados representa um marco fundamental na história da computação e das comunicações, surgindo da necessidade de acessar e processar informações remotamente. Antes do advento das redes de computadores como as conhecemos hoje, o teleprocessamento permitiu que usuários localizados distantes de grandes e caros computadores centrais (mainframes) pudessem interagir com eles através de linhas de comunicação, geralmente telefônicas. Este conceito foi essencial para a expansão do uso da computação para além dos centros de dados, viabilizando aplicações como reservas de passagens aéreas e acesso bancário remoto, e pavimentando o caminho para os sistemas distribuídos e a internet.

Definição

Teleprocessamento é a combinação de telecomunicações com processamento de dados. Refere-se ao processamento de dados que ocorre em um local diferente de onde os dados são originados ou utilizados, utilizando linhas de comunicação para transmitir os dados entre o ponto de origem/uso (terminal) e o ponto de processamento (computador central ou host). Essencialmente, permitia que terminais remotos enviassem dados para serem processados por um computador central e recebessem os resultados de volta.

Exemplos

  1. SABRE (Semi-Automated Business Research Environment): Desenvolvido pela IBM para a American Airlines no início dos anos 60, é um dos primeiros e mais famosos sistemas de teleprocessamento, permitindo que agentes de viagens em diferentes locais acessassem informações de voos e fizessem reservas em tempo real (para a época).
  2. Sistemas de Time-Sharing: A partir dos anos 60, sistemas como o CTSS (Compatible Time-Sharing System) do MIT permitiam que múltiplos usuários acessassem um mainframe simultaneamente a partir de terminais remotos, compartilhando o tempo de processamento da máquina central.
  3. Primeiros Terminais Bancários: Antes dos ATMs modernos, terminais operados por funcionários em agências bancárias se conectavam a um computador central para consultar saldos e registrar transações.
  4. Acesso Remoto a Bases de Dados: Empresas e instituições acadêmicas utilizavam teleprocessamento para permitir que pesquisadores ou funcionários acessassem bases de dados centralizadas a partir de locais remotos.

Características

  • Computador Central (Host): Um mainframe ou minicomputador realizava a maior parte do processamento.
  • Terminais Remotos: Dispositivos (muitas vezes “burros”, apenas para entrada/saída) localizados longe do host.
  • Linhas de Comunicação: Inicialmente, linhas telefônicas discadas ou dedicadas (privativas) eram usadas, conectadas através de modems.
  • Modems (Modulador-Demodulador): Equipamentos necessários para converter sinais digitais do computador/terminal em sinais analógicos para transmissão pela linha telefônica, e vice-versa.
  • Protocolos de Comunicação: Conjuntos de regras para controlar a troca de dados entre terminal e host, garantindo a integridade e o fluxo da informação.
  • Software de Controle de Comunicação: Programas no host para gerenciar as conexões com os terminais remotos.

Vantagens (na Época)

  • Acesso Remoto: Permitiu o acesso a recursos computacionais caros a partir de locais distantes.
  • Compartilhamento de Recursos: O alto custo dos mainframes era diluído ao permitir que muitos usuários o acessassem remotamente.
  • Dispersão Geográfica: Viabilizou operações de negócios em múltiplos locais (ex: agências bancárias, escritórios de vendas).
  • Centralização de Dados: Mantinha os dados importantes em um local seguro e controlado.

Desvantagens (na Época)

  • Alto Custo das Comunicações: Linhas dedicadas eram caras, e linhas discadas eram lentas e sujeitas a ruídos.
  • Baixa Velocidade de Transmissão: As taxas de transmissão de dados eram muito limitadas (medidas em bauds).
  • Complexidade: Configurar e manter a infraestrutura de comunicação e os modems era complexo.
  • Dependência do Host Central: Similar ao processamento centralizado, a falha do host impactava todos os usuários remotos.
  • Capacidade Limitada dos Terminais: Os terminais tinham pouca ou nenhuma inteligência local.

Seção Expandida

O teleprocessamento evoluiu significativamente desde seus primórdios. Inicialmente, as conexões eram ponto a ponto, muitas vezes usando protocolos simples e proprietários. Com o tempo, surgiram as unidades controladoras de terminais e de comunicação para gerenciar múltiplas conexões de forma mais eficiente. O desenvolvimento de padrões de comunicação, impulsionado por instituições como a ITU-T (antigo CCITT) e a ISO, foi crucial. Protocolos como o BSC (Binary Synchronous Communications) da IBM e, posteriormente, arquiteturas mais complexas como a SNA (Systems Network Architecture) da IBM e a DNA (Digital Network Architecture) da DEC, trouxeram mais robustez e funcionalidades. O teleprocessamento foi o precursor direto das redes de longa distância (WANs) e estabeleceu muitos dos princípios básicos de comunicação de dados que foram posteriormente adaptados e expandidos na era da internet e das redes locais (LANs).

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